quarta-feira, 30 de agosto de 2017

INTELIGÊNCIA A SERVIÇO DA QUALIDADE DE VIDA NAS CIDADES

Diante da perspectiva de que, em 30 anos, 70% da população mundial viva em centros urbanos, é preciso agir para buscar soluções que garantam a qualidade de vida dos cidadãos. Esse é o objetivo maior do grupo de pesquisa multidisciplinar sobre smart cities chamado Conecticidade

Foi na última década que começou a se difundir o conceito de cidade inteligente, ou smart city. Antes disso, seria inviável pensar no emprego sistêmico da tecnologia da informação e comunicação (TIC) na integração de itens da gestão de uma cidade, como iluminação pública, tráfego e transporte, segurança e defesa civil, acessibilidade e serviços à população, água e esgoto, e vigilância sanitária.
A boa notícia é que hoje a tecnologia, se bem empregada, pode facilitar a vida das pessoas e contribuir em larga escala para a qualidade de vida nos centros urbanos. “Todo esse conjunto de tecnologias que vai ajudar as empresas a vender mais produtos, vai ajudar as pessoas nos seus empregos, tudo isso tem de estar a serviço de um objetivo maior, que é a qualidade de vida, para que a gente consiga viver bem, preservar nosso planeta e ter uma continuidade econômica”, afirma o diretor de Certificação da Fundação Vanzolini, José Joaquim do Amaral Ferreira.

Grupo de pesquisa na Poli

No ano de 2007, houve a inversão do número de pessoas que moram em centros urbanos em relação aos habitantes do campo. Atualmente, mais de 50% da população global vive em cidades, e a previsão da Organização das Nações Unidas (ONU) é que esse número atinja os 70% em 2050.
Buscando evitar o futuro sombrio, pesquisadores do mundo todo trabalham em soluções para garantir a tão almejada qualidade de vida no meio urbano. Uma iniciativa recente que visa estudar as smart cities teve início em 2016, no Departamento de Engenharia de Produção da Poli-USP. Trata-se do Conecticidade – Laboratório de Cidades, Tecnologia e Urbanismo, organizado pelos professores José Joaquim do Amaral Ferreira, Marcelo Pessôa e Leandro Patah. O núcleo de pesquisa multidisciplinar conta ainda com a participação da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA), da Fundação Vanzolini e inclui membros da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). No escopo do trabalho está a aplicação prática de conceitos envolvendo planejamento urbano, automação de sistemas da cidade, big data e as cidades conectadas.



Entre os temas de pesquisa, estão a sustentabilidade urbana, sistemas de IoT – internet of things (internet das coisas) e as possibilidades de melhoria dos serviços urbanos, tendo como foco as possíveis aplicações nas cidades brasileiras. “Estamos com o grupo funcionando desde o final do ano passado e desde então temos feito reuniões regulares”, afirma o professor Marcelo Pessôa, presidente do Conselho Curador da Fundação Vanzolini. “As cidades são muito desintegradas, a estrutura de gestão das prefeituras de uma maneira geral é muito fracionada.” Isso gera uma série de problemas, como secretarias que não conversam entre si, demora no atendimento à população, gestão ineficiente. E a ideia é entender como a cidade pode existir como um sistema harmônico e integrado. “Ou seja, estabelecer o que é preciso fazer para ter uma cidade bem gerenciada e que ofereça conforto, que seja agradável, com segurança e com foco no cidadão. Usando o quê? Tecnologia e gestão”, acrescenta.

Segundo o professor Joaquim Ferreira, a participação da Diretoria de Certificação da Fundação Vanzolini no grupo colabora com o objetivo de adotar uma visão de sistema, seja no âmbito do meio ambiente, da responsabilidade social, seja no da segurança da informação. “De maneira que a gente possa, juntando as peças desse quebra-cabeça chegar ao que realmente interessa, a nossa qualidade de vida, a preservação de nosso planeta e de nossa sociedade”, completa.


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