terça-feira, 31 de outubro de 2017

De portas abertas para o inimigo

O risco de ataque cibernético cresce à medida que a tecnologia embarcada nos equipamentos aumenta

Vamos pensar numa situação como a seguinte: ao instalar uma fechadura na porta de sua casa, você recebe uma chave que dá acesso à entrada e saída controlada do local. Na semana seguinte, você faz uma cópia para o namorado que precisa entrar quando você não estiver no local. Passados mais alguns dias, dá outra cópia para sua irmã que vai alimentar o gato durante um período em que você vai viajar. E assim por diante. Depois de algum tempo, o controle da entrada foi para o espaço.

As fechaduras virtuais seguem o mesmo princípio com a senha de acesso. Quanto mais gente conhecê-la, menor o controle e mais vulnerável fica o sistema. “O fato é que o mundo está mais complicado na busca por garantir a segurança das informações. À medida que vão sendo criadas soluções para os desafios da segurança, vão surgindo novos meios de superá-las”, diz o gerente da qualidade da diretoria de Certificação da fundação Vanzolini, Airton Gonzalez. “Há sempre alguém disposto quebrar as regras.”

Hoje temos vários aparelhos eletrônicos conectados à internet que conversam entre si e que abrem muitas brechas de segurança. E o nível de preparo para operar esses equipamentos e sistemas é muito irregular. Basta pensar num avanço tecnológico como o do carro autônomo. “Ele é conectado à internet. Portanto, pode receber uma orientação divergente e levar o passageiro a um local diferente da solicitação original ou mesmo causar um acidente de trânsito”, destaca o gestor. Outro exemplo relativo ao controle de tráfego é o dos semáforos inteligentes, que, como mostraram diversos filmes de ação hollywoodianos, podem ser alvos de hackers interessados em facilitar uma fuga ou gerar o caos no trânsito.

Isso sem falar nos possíveis riscos que a internet das coisas pode vir a oferecer, com monitoramentos a distância, geladeiras e outros eletrodomésticos inteligentes – só para ficar no ambiente doméstico. Como será feito o controle de tudo isso? O fato é que na mesma medida e proporção que a tecnologia embarcada nos equipamentos aumenta, o risco de ataque cibernético também cresce.



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